terça-feira, 30 de maio de 2017

Qual a idade para levar uma criança ao médico dentista?


Antes de mais, respondo com uma pergunta. Ao médico dentista ou ao odontopediatra?

Qual a diferença? Muitas.


O médico dentista é um profissional licenciado em medicina dentária e creditado pela Ordem dos Médicos Dentistas para exercer a sua atividade. Esse profissional trata, cura e previne as doenças da cavidade oral e as suas estruturas, como dentes, gengivas, língua, osso alveolar, lábios e orofaringe.

O odontopediatra é um médico dentista que se especializou no tratamento das afeções da cavidade oral no bebé e na criança. A sua ação pode também abranger a grávida, pois nesta fase já se começam a prevenir algumas doenças da cavidade oral do bebé, nomeadamente a cárie que depende de bactérias transmissíveis.

Então respondendo à questão, deve levar o seu filho ao médico dentista a partir dos 14 a 16 anos. Depois de ter sido devidamente acompanhado por um odontopediatra, idealmente desde os 18 meses  de idade.

Levar uma criança de 3, 4 anos ao médico dentista é como levá-la ao cinema em filmes para maiores de 12. Até pode correr bem, mas é arriscado e contra-producente. Não é por acaso que é proibido por lei.

Eu já fui médica dentista generalista, e lembro-me de ter medo de pacientes com menos de 7 anos.

(Se és médico dentista já te estás a rir por esta altura, certo?)

O odontopediatra tem formação e ferramentas específicas para lidar com os mais pequenos, e não se deixa intimidar pelo choro do bebé ou da criança pequena.

Sabe o que doi, o que incomoda e o que não.
E a grande diferença está aqui.

Procure um odontopediatra para o seu filho. O médico dentista é para si.

catarina cortez | odontopediatria




quinta-feira, 11 de maio de 2017

O segredo 100% imbatível para tirar a chucha ao seu filho


Na primeira consulta de odontopediatria uma das questões que coloco aos pais está relacionada com o uso da chucha.

Muitas crianças ainda com 3, 4, 5 ou até mais anos ainda usam chucha. Obviamente os pais sabem que está contra-indicado a partir dos 2,5 anos por levar a alterações músculo-esqueléticas indesejadas dos maxilares, que por sua vez levam a mal-posições dentárias moderadas a graves.

Tudo isto é do conhecimento geral, e tenho a certeza que é um assunto amplamente abordado pelos pediatras e enfermeiras de saúde materno-infantil. 

E também educadoras, auxiliares, avós, vizinhas, outras mães, o dono do café, etc....

Mas mesmo assim há uma quantidade razoável de famílias que não consegue tirar a chucha no tempo certo.

E os filhos já nem usam na escola!

Então há uma ferramenta incrível que permite que você retire a chucha do seu filho, sem hipótese de retorno. Mesmo que ainda não tenha tirado na escola. É algo completamente imbatível que vai deixar até os piores xuxaólicos sem capacidade de resposta.

Preste bem atenção, os seus problemas estão prestes a terminar.

Essa ferramenta é: VOCÊ!

Sim. Isso mesmo. Você.

Quando VOCÊ decidir que é para a criança deixar de usar a chucha e tomar essa decisão de forma irrevogável e fiel a si próprio/a, verá que a chucha desaparece em 3 tempos, e para sempre.

Quando VOCÊ tirar a chucha ao seu filho, em vez de tentar, verá o milagre a acontecer! 


Não tente. Tire mesmo.

A palavra "tentar" encerra em si a probabilidade de não conseguir. Então deixe-se de tentativas e tire. Sem guardar chuchas escondidas para uma emergência às 3 da manhã. E principalmente sem pena.


Não tenha pena do seu filho por ser um bom pai/mãe e estar a fazer exatamente aquilo que ele mais precisa de si.




"Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atómica: a vontade."
Albert Einstein


catarina cortez | odontopediatria

segunda-feira, 8 de maio de 2017



As 5 principais causas de cárie na criança

De alguns anos a esta parte tenho vindo a diagnosticar e tratar cáries em crianças entre os 2 e os 12 anos.

A cárie é uma doença multifactorial, e como tal depende de várias causas.

Desses factores destacam-se três: tipo de dentes, açúcar e bactérias.

Há outros como medicação e PH da saliva. Mas esses são secundários.

De acordo com a minha experiência e a quantidade de entrevistas que faço aos pais antes de iniciar os tratamentos, considero 5 as principais causas de cárie na criança:

1ª - A criança escovar sozinha. É sem dúvida o número 1. Isolado. No topo. Sem hipótese de concorrência. É o Ayrton Senna da cárie.
Não há dente que aguente, nem doce que lhe bata.

2 - Não usar fio dentário. 
Já é raro os adultos usarem em si próprios, quanto mais num pequeno ser, com uma boca pequena e uma paciência pequena, ao final do dia, etc...
Quem não quer tem sempre uma desculpa. É uma das maiores causas de tratamentos dentários em adultos e crianças.

3 - escovar 1 vez/dia. Ainda que seja um adulto a escovar e fique muito bem feito, é insuficiente. A menos que a criança só comece a comer por volta das 17h, escovar só à noite normalmente dá azar uns meses depois. Então se for só de manhã, a cárie já entrou na sua casa pela porta principal com direito a champanhe de boas vindas!

4 - leite à noite, na caminha. A partir 18 meses isso tem de acabar. Se a criança ainda precisa ou gosta do seu leite, toma-o e escova-lhe os dentes depois. O leite materno também conta. Pode ser tão cariogénico como os outros.


5 - comer doces sem regras. Todos os dias pergunto às crianças (e aos pais) se vão à praia o ano inteiro. Obviamente que não, ou ficariam doentes.
Se comerem doces quando calha ou porque sim, ficam doentes também.
Então os pais têm de criar dias da semana para comer doces, e outros que não. Como há estações para se ir à praia, e não ir. Agora leia com muita atenção: independentemente da birra, cinja os doces aos dias estipulados e nos restantes não tenha doces em casa. Não vale a pena esconder, eles encontram.


 catarina cortez | odontopediatria

terça-feira, 2 de maio de 2017

O que nunca deve dizer à frente do seu filho no consultório dentário!

Muitas vezes durante as consultas deparo-me com conversas, à partida perfeitamente banais, mas em que os pais inadvertidamente colocam os seus filhos em risco de desenvolver ou crescer com medo do médico dentista. 


São coisas que lhes saem naturalmente em conversa, tanto comigo no consultório como em casa (imagino). E tenho a certeza que não é por mal, mas de boas intenções está o medo cheio. 

O medo é por definição uma sensação que proporciona um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente como psicologicamente


O que os pais por vezes se esquecem é que são os modelos dos filhos. As crianças amam incondicionalmente os seus pais desde que nascem. E imitam incondicionalmente, copiam incondicionalmente, repetem incondicionalmente. Ora se o pai/mãe tem medo de dentista, o filho sente que também tem de ter.

E os pais também se esquecem que os filhos têm uma imaginação sem limites, e que não precisam ouvir a palavra "medo" para o sentir, e pressentir.



O top 5 daquilo que nunca deve fazer à frente do filho no dentista é mais ou menos o seguinte:

1 - Estou a acabar a consulta e digo à criança: portaste-te muito bem! Parabéns!
Resposta do pai/mãe: porta-se bem melhor que o pai/mãe (normalmente seguido de uma risadinha nervosa)


2 - "Olhe Dra, eu até nem me importo de ir ao dentista. O pior foi um tratamento de canal que me fizeram há 5 anos e acabei no hospital cheio de dores."
Na cabeça da criança qualquer tratamento é de canal. Eles não sabem o que é, nem nunca assistiram a um. Lembre-se que eles têm uma imaginação fértil, tanto para o bom como para o mau.

3 - "Ele porta-se bem e fica bem na consulta. Eu vou é saír porque se fico cá dentro desmaio" (RED ALERT) Diga que tem de fazer um telefonema, ir à receção marcar a próxima consulta, ou tomar um café ou contar quantos azulejos tem no WC da sala de espera!

4 - "Ele até gosta de ir ao médico. Estes alicates é que metem medo!!"
Não chame a atenção do seu filho para o que você não gosta.


5 - "Filho, vai ficar tudo bem. A Dra não vai fazer nada, é só para ver."
resultado: promete o que não pode controlar e a criança não só nunca mais confia nos pais, como no médico.

É muito importante que os pais não repitam as suas más experiências no médico dentista perto da criança. Você certamente não gostaria de entrar num avião e a hospedeira lhe dizer que estava cheia de medo por causa do vento, pois não?

Nem gostaria de estar à porta do bloco operatório e ver o cirurgião que o vai operar com as mãos a tremer.

A confiança ganha-se. Não se nasce com ela. Mas também se perde. E basta um segundo.

Não tire ao seu filho a confiança de que pode crescer amigo do dentista.




catarina cortez | odontopediatria