sexta-feira, 28 de julho de 2017

As férias, os doces e os dentes....

Nas férias a maioria das crianças e adolescentes vêm à consulta com mais placa bacteriana que no resto do ano. É um facto.


Nas interrupções de Natal e Páscoa então é uma sinfonia de dentes partidos e aparelhos descolados por causa das amêndoas, ovos de chocolate, bolo rei, e por aí fora.

Na época estival os horários mudam, as crianças e adolescentes não se deitam à hora do costume, comem fora d´horas e para (não) ajudar há uma maior oferta/procura de gelados, pipocas, batata frita, bolas na praia, lambecas do Porto Santo, etc... etc...etc.

Que atire a primeira escova quem me diz que as escovagens nunca falham em férias.... :)

Sei bem o que é estar num hotel, tomar o pequeno-almoço - panquecas, crepes, bolos, sumos, batidos -  e ficar a espreguiçar na piscina o resto da manhã sem passar pelo quarto.

Regra geral consegue-se que os filhos escovem as duas vezes diárias, mas também sabemos que as noites se prolongam em passeios e brincadeiras e quando eles adormecem no carro vão direitinhos para a cama e só se tiram os sapatos e os calções.

Então deixo-te duas dicas para que não hajam surpresas nas férias, e não tenhas de ir a correr procurar um dentista numa cidade qualquer desconhecida porque o dente partiu ou o aparelho descolou. É mau para todos!

A primeira dica que te dou é para escovares os dentes com eles mesmo a dormir. Sem pasta para não ficarem todos "besuntados" e porque vão acabar por engolir o flúor.

Asseguro-te que qualquer criança, de qualquer idade deixa-se escovar os dentes sem acordar, depois de um dia inteiro de praia. É mais fácil do que pensas. Pelo menos tenta.

A segunda dica para aqueles dias em que vamos passar todo o dia a passear e não queremos levar a escova. Leva uma caixinha de pastilhas elásticas. Serve para crianças acima dos 4 anos. Devem ser daquelas que dizem na embalagem "sem açúcar". Mastigam durante 10 minutinhos depois de comer um doce, um chocolate ou um gelado e ao menos remove a placa bacteriana e anula os ácidos produzidos pelas bactérias.

E claro, eles adoram!

Cuidado não os deixes ir para a água com a pastilha, nem adormecer.

Boas férias a todos... com sorrisos lindos e saudáveis!!!



catarina cortez|odontopediatria





segunda-feira, 17 de julho de 2017

O meu filho tem pavor de ir ao dentista. E agora???

O meu filho tem pavor de ir ao dentista. E agora???



Muitas famílias deparam-se com este drama na hora de tratar a saúde oral dos filhos.

Vão a um dentista, por vezes a dois e três mas "ele ou ela não deixa fazer nada".

Há várias razões para isto acontecer, mas o motivo intrínseco por trás desta reação é apenas um: medo.

Claro que pode ter medo devido a experiências passadas, ou simplesmente medo porque é uma novidade. Medo pelo que já ouviu dizer, ou simplesmente porque nunca ouviu falar em dentistas na vida até agora que lhe coube a vez de ir.

Hoje não venho aqui
falar do problema e as suas causas, mas da solução.

Para este problema há 3 soluções:

1 - abordagem da criança pelo método da Medicina Dentária de Mínima Intervenção, sobre a qual já escrevi aqui

2 - tratamento sob sedação consciente com protóxido de azoto

3 - tratamento sob anestesia geral


Na grande maioria das crianças é possível "dar a volta" com a primeira opção. Mas cerca de 5% não resulta, ou as cáries estão tão avançadas que não dá tempo para esperar várias semanas até as tratar a todas.

Aí entra a segunda solução. Uma forma de sedar a criança com recurso a uma máscara nasal, e por essa razão só funciona em meninos minimamente colaborantes. Trata-se de uma sedação superficial, em que a criança fica ligeiramente ausente, diminuindo o sentimento de medo e as suas reações.
Para esta solução conto com a colaboração da Dra Joana Freitas, anestesista no Hospital do Funchal.

A terceira e última alternativa trata-se de uma sedação moderada a profunda com máscara laríngea, indicada para pacientes que não colaboram com a técnica de sedação com protóxido de azoto, mexendo-se demasiado e não respirando pelo nariz.
Uma vez que não trabalho com bloco operatório encaminho estes casos para o Dr Gil Alves e a sua equipa de anestesia, na Clínica Pateodente, no Funchal, devidamente equipada para a utilização desta técnica.


Seja qual for o grau de colaboração do seu filho/filha, saiba que há solução para todas as situações, e que o importante é ser devidamente diagnosticado e encaminhado.


catarina cortez | odontopediatria






sexta-feira, 14 de julho de 2017

Já conhece a Medicina Dentária de Mínima Intervenção?

Já conhece a Medicina Dentária de Mínima Intervenção?



Consiste numa forma específica de prevenir, diagnosticar e tratar a afeções da cavidade oral.

Foi a melhor e mais importante ferramenta que encontrei para lidar com as crianças no consultório dentário, graças à Prof Doutora Patrícia Gaton da Universidade de Barcelona.

Neste conceito, o médico dentista ou odontopediatra começa por "catalogar" os pacientes em alto risco, moderado ou baixo, utilizando para isso um questionário de avaliação específico.

Nele investiga-se todas as condicionantes individuais, desde a alimentação à técnica de escovagem, dos fatores hereditários aos medicamentosos, passando pela medição do PH, fluxo e consistência da saliva e estrutura do esmalte.

Todos estes fatores, em maior ou menor quantidade e qualidade formam o "cocktail" necessário ao aparecimento da cárie.

Então esta avaliação que se faz na primeira consulta, além ajudar os pais a entender a razão das cáries e a sua prevenção dá-nos tempo para o mais importante: conhecer a criança, e ela a nós.

Damos-lhe tempo de nos conhecer e ambientar-se ao Gabinete Dentário, sem entrar logo nos tratamentos dentários, tão receados pela criança e pelos pais. Desta forma estabelece-se o vínculo entre a criança e o odontopediatra, que é a base da confiança para as consultas seguintes.

É FUNDAMENTAL QUE A CRIANÇA SAIA DA 1ª CONSULTA COM A MELHOR IMPRESSÃO POSSÍVEL, POIS SÓ TEMOS UMA OPORTUNIDADE PARA UMA BOA PRIMEIRA IMPRESSÃO.

Iniciar a abordagem pela colocação das restaurações, é fazer pouco ou nada pela progressão da doença. Então na Mínima Intervenção inicia-se pela PREVENÇÃO. Atua-se primeiro quimicamente, e só depois mecanicamente.

É necessário primeiro o trabalho diário em casa, e só depois o especializado no consultório. Isso cria compromisso e trabalho de equipa entre pais, criança e odontopediatra.

Compromisso = Ação = Sucesso

A meu ver, a Mínima Intervenção é um pequeno passo para as famílias, um grande passo para a erradicação do medo de dentista da nossa sociedade.

Pelas próximas gerações.


catarina cortez | odontopediatria